2.24.2011

Vou pelo caminho oposto

Vou pelo caminho oposto
À solidão das pernas
Beber no areal branco
O leite dos sorrisos
Onde não me negam
O cálice dos barcos
Ouvir a voz de árvores em fogo
Onde não não há Senhores do nada
Cobradores de um mundo improvável
E as feridas se trasmutam em girassóis
E os dias se amolecem na memória
Das línguas que se tocam paradas
Por flores que não me arranham
Tocar a boca vermelha das pedras
E os cabelos volumosos do silêncio
Pela noite que tem mais luz que o próprio sol!



manuel feliciano

Medo

Se ao menos o mar quisesse saber de mim
E a chuva não fosse uma bala perdida
E o cheiro da flor uma casa destilada
E a ressureição me atravessasse a boca de lés a lés
Eu nunca temeria o arrefecer da boca
Nem o Pôr do sol nas paisagens de arame
E esperaria que um barco de mel me atracasse
No canto dos meus olhos ultramarinos
Alegre com os pés molhados sem tempo para Saudades
Tocaria violino nos espinhos das rosas
Sem medo dos dias por inaugurar.


Manuel Feliciano

2.07.2011

Em Salamanca […]

Em Salamanca […]
As minhas mãos morreram-te sobre os seios
As línguas enrouquecidas choraram invenciveis
Florimos na Antártida em árvores de gelo
Desfolhamos o sol com os fósforos dos dedos
Atravessamos o amor em aviões de saliva
Alcançamos o além no canavial de um beijo
Em Salamanca […]
Eu e tu dançamos na flor do chão em recomeço
Tocamos cordas de guitarras na neve dos ombros
Ressuscitamos em suspiros vindos não sei de onde
Lambemos o azul dos olhos que nos tortura
E o gume dos sorrisos foram lânguidos metais
Casas de orvalho que nos abriram todas as portas.



manuel feliciano