2.20.2014

Era uma pedra
Se o sol
Que morre na água salgada
fosse o teu rosto inteiro
e amplo de alegria

era uma pedra
se ouvisse a música
no ervascal dos teus cabelos
com pássaros pousados.........
a cheirar a primavera

era uma pedra
se na ferida dos teus lábios
uma pétala
de rosa nascesse
e não soubesse partir

Tal como os teus olhos que nunca partem
E sempre tão cheios de rio

Era uma pedra
se em cada beijo que morre
As mãos quente no corpo
Semeassem a Raíz

Era uma pedra
se da espuma do mar na boca
o teu tronco
semeado no útero

era uma pedra
se nos teus lábios que ardem
crescesse uma flor de trigo
Igual à dos teus olhos
onde Deus não morresse

Manuel Feliciano

2.03.2014

No mais fundo de mim
há um seio arrancado da minha boca
um rio seco a transbordar de rosas
sou canto de pardal ou névoa
és tu no intimo dos meus olhos
de cabelos virgens que tomo com as mãos
e a tua boca a escorrer-me no rosto
como uma maçã madura contra o vento e larva
que leva as mãos fora do peito
e traz o deserto das sílabas na carícia ...
tu a ires-te embora
pelas pálpebras doridas
por um caminho longe a entrares-me no corpo
a seres mais flor
mais dia húmido do teu beijo
a aleijares-me a carne
só chão onde me perco.

MF