11.09.2014

Esta manhã o teu olhar no autocarro
Era de azul poema
Tinhas dentro dele as árvores inteiras
O chão intacto
As folhas que desconhecem o sangue
As maçãs que não gemem dentro da flor
As mãos que antecedem o fogo
Era esse o encanto dos teus olhos
Enleados à minha mão
Prolongados ao meu peito
Centelha
Que faz arder a noite sem doer o beijo
A minha carne na tua
mar que não queima
Os meus lábios em silêncio
A beijarem os teus
Tão abertos que me fecharam dentro de ti
Eu dentro do teu útero
Intacto quase flor
Como as primeiras rosas que já são rosas
E ainda não nasceram
E em sua volta as andorinhas
Tinhas tudo isto
Antes de teres decido sair em S.Bento
A sorte é que eu morri contigo naquele instante
E já me sinto a abrir em ti como um grão
A crestar na tua terra
Neste suspiro de saliva
De Adão e Eva.
Manuel Feliciano

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