Hoje venho anunciar o fim do mundo
Ao olhar quente
Dos meus olhos dentro dos teus
Na brevidade da flores
Colhidas nos teus seios
Pelas minhas mãos
Mãos que entendo e não entendo
Oh céu limpo dos que voltam
Como são felizes os rostos tomando os
verdadeiros rostos
As folhas o verdadeiro lugar
Dois velhos à varanda voltando a ser crianças
Há flores a nascer dentro dos pássaros
E pássaros a nascer dentro de nós
Depois as folhas recuperam os sentidos
Nas saliva tremendo na boca
Agora sigo perfeitamente para frente
Canto-te com os meus lábios a roçar as nuvens
Que verdade absoluta
Que feridas tão caladas
Que suspiro de alegria de um cais onde só parto
Do morno do teu pescoço
Agora sei que parto e só fico na infinitude dos teus cabelos
Aperto-te mais que os braços da terra contra mim
E eis o além: O milagre de te amar.
manuel feliciano