9.22.2024

 O amor poderia ser [...]

Cada olhar que me leva 

Cada sorriso que pousa

Cada lágrima que cai 

Cada mão que me desagarra

Cada luz que segue em silêncio 

Cada caminho que os teus pés fazem

Cada luz escrevo que nos teus lábios

Cada folha caída que o vento varre

Como tu no momento em que apanhas o comboio

Na gare do Oriente para um outro país qualquer

Num trem de névoas a desfazer-se 

E eu no outro lado da linha 

Metade de mim dentro - metade de mim fora

Cada flor que se abre a meia luz 

Passageiro de um mistério de tantas possibilidades entre a luz das tuas retinas 

Cada palavra que os teus dedos silenciam

Cada ponte que deixo por atravessar 

A abelha que por qualquer razão não pousa na flor 

Que habita o limbo da beleza do jardim dos teus cabelos 

Um homem velho de tanta solidão a atravessar na passadeira dos teu olhos, onde só tu e o teu jardim existem.




Manuel Luís Feliciano 

Sem comentários:

Enviar um comentário