Tem o teu cheiro
O reabrir dos braços
A densidade do mar
A beijar-me a boca
E o sol é a tua sombra
Tu de pernas nuas
Barro desfeito, moldando-me
Já a tua mão me queima os olhos
E o teu sangue é gaivota
O teu olhar a garganta
De maçãs pelo chão mordidas
Lábios que sabem à areia
E bagos de uvas inchados
nas tuas mãos frias
E em mim primavera florida
De um beijo semeado nos ombros
contra a saliva que não corre
Escrevo ilha no mar
Seio de barco em névoa
Do fim à primeira abelha no mel
E tu morrendo-me no jardim
Sob a noite escura, deito a cabeça na tua
Já és pássaro e brisa! A cor embebecida
na flor de aurora! Soluço de sal.
Manuel Feliciano ( IN MORTE DO AMOR)
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