Abril nunca nasceu
Nem as ruas se tornaram brancas
Foi a fome que adormeceu
Na flor das tuas ancas
Palavra molhada sem sangue
Anémica ao luar nasceu
Num coração feito de arame
Que no ventre não gemeu
Sobrevive o sol e a erva
A serpente na areia
Há sempre um mais que sobrevive
No amor que é a teia
Texto semeado no chão
Lanterna no umbigo que é teu
Desaprendeu a dar a mão
Caiu não mais se ergueu
Portugal velha nação
Flor das mãos e do mar
Saudade e um coração
Na orla do teu olhar
Era um Vento que não morresse
Na ternura de um animal
Um ferida que vencesse
A escuridão e o mal.
Manuel Luís Feliciano
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