6.16.2021

 Não sou pessoa 

sou natureza

Quem me dera ser

Primavera no inverno

E chuva fresca num verão

Se em mim

Estivesse o segredo de transitar a luz

De saber viver o equinócio

E esperar a lentidão da luz

Mas não...

As sombras apoderam-se de mim

Talvez não querer aprender

Ou fingir de que não sei aprender

Ou não me implicar completamente com as coisas

É um estádio de consciência

De fugir das sombras

Tudo nasce da Inutilidade do grito

É não querer ser maior

Que a própria pequenez

Da mecânica do universo

É um processo de fuga

É a fadiga das mesmas linhas férreas

Dos mesmos horários e combóios

É não saber ter uma vida paralela 

Ao fantasma do mundo

É não saber sequer

Aqui e acolá colher flores

Sem as arrancar demasiadamente.


Manuel Luís Feliciano

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