Não sou pessoa
sou natureza
Quem me dera ser
Primavera no inverno
E chuva fresca num verão
Se em mim
Estivesse o segredo de transitar a luz
De saber viver o equinócio
E esperar a lentidão da luz
Mas não...
As sombras apoderam-se de mim
Talvez não querer aprender
Ou fingir de que não sei aprender
Ou não me implicar completamente com as coisas
É um estádio de consciência
De fugir das sombras
Tudo nasce da Inutilidade do grito
É não querer ser maior
Que a própria pequenez
Da mecânica do universo
É um processo de fuga
É a fadiga das mesmas linhas férreas
Dos mesmos horários e combóios
É não saber ter uma vida paralela
Ao fantasma do mundo
É não saber sequer
Aqui e acolá colher flores
Sem as arrancar demasiadamente.
Manuel Luís Feliciano
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