Eu já morri com as flores mais brancas
E o que agora anda em mim
São as minhas sílabas na tua língua
Em lábios quentes de mar
Nos destroços dos teus olhos
Um jardim
E frutos a cair ao chão
Que Deus não trinca com a boca
Ante a secura que cresta
Uma abelha é mais que abelha
Sobre a seda do ombigo, ainda é
Tão tenra a Lua
Que cheira a seio e a leite
Os meus dedos semeiam
O amor quente de mãe
Ventre que germina as narinas
A carne que não morreu
No poente das sobrancelhas
As tuas mãos a nascerem-me, o meu corpo de criança
Do teu corpo a desprender-se-te.
Manuel Feliciano
Sem comentários:
Enviar um comentário