4.18.2019

Eu já morri com as flores mais brancas

E o que agora anda em mim

São as minhas sílabas na tua língua

Em lábios quentes de mar

Nos destroços dos teus olhos

 Um jardim

E frutos a cair ao chão

 Que Deus não trinca com a boca

Ante a secura que cresta

Uma abelha é mais que abelha

Sobre a seda do ombigo, ainda é

Tão tenra a Lua

Que cheira a seio e a leite

Os meus dedos semeiam

 O amor quente de mãe
Ventre que germina as narinas

A carne que não morreu

No poente das sobrancelhas

As tuas mãos a nascerem-me, o meu corpo de criança

Do teu corpo a desprender-se-te.

Manuel Feliciano

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