4.26.2021

Hei-de amar uma pedra

Do silêncio áspero soprar-lhe a cabeceira

Com os lábios inflamados

Descongelar-lhe os músculos

Das ancas retesadas

Há-de brotar-lhe um rio sem margens

Cheio de frases a escorrer sol para todos

E despertar todas as coisas inertes

Em recantos longínquos esquecidas

Nas flores erigidas nos seios

Exclamará sempre um sorriso

Hei-de gritar-lhe

Nos lábios as palavras ressequidas

Em delíquios cheios de aromas

Corpo em flor

Mãos que transbordam

O calor da pele

Barco de brisa

Abraço a desfazer-se

Pedra de amor...


Manuel Luís Feliciano











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