Hei-de amar uma pedra
Do silêncio áspero soprar-lhe a cabeceira
Com os lábios inflamados
Descongelar-lhe os músculos
Das ancas retesadas
Há-de brotar-lhe um rio sem margens
Cheio de frases a escorrer sol para todos
E despertar todas as coisas inertes
Em recantos longínquos esquecidas
Nas flores erigidas nos seios
Exclamará sempre um sorriso
Hei-de gritar-lhe
Nos lábios as palavras ressequidas
Em delíquios cheios de aromas
Corpo em flor
Mãos que transbordam
O calor da pele
Barco de brisa
Abraço a desfazer-se
Pedra de amor...
Manuel Luís Feliciano
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