Quando quiseres dizer que me amas, diz mãe
E o coração saber-te-à por inteiro
Não me abraces
Diz amor em gestação
Depois acaricia o ventre em flor
A semente que se inicia
A brisa que te alimenta
O teu olhar em outro olhar
Não me beijes
Sente a luz do teu ventre
A iluminar-te sem peso
E um pouco mais de ti a estender-se
O teu eu em outro eu
Uma voz a querer-te
Se por ventura chorares
É porque às vezes o choro
É uma forma de sorrir profunda
O amor a irromper-se
Numa espuma de beijos
No umbigo a prende-se...
Ao choro dos teus lábios
Quando quiseres dizer que me amas diz mãe
Di-lo com o mar a bater-te contra os lábios
Como uma luz dentro de outra luz
O céu a criar-se ainda sem nenhuma estrela
O amor a romper do chão das palavras
O amor é morrer para se ser outro...
Manuel Luís Feliciano
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