4.02.2021

Põe-se o rio

Põe-se o mar

Põe-se a abelha numa flor

E a minha boca de dor

Aberta na tua mão

Flor que o vento  leva

No entardecer do teu beijo

O sol não se põe

Nem o teu ar

Nem o teu rubor

Nem o teu naufrágio

E eu vou contigo pelo chão

Por um caminho cortado

Num soluçar ancorado

Ouço o teu coração

Como uma pomba num seio

A morte a dizer que não

Por detrás do teu olhar

O dia é claro e inteiro.


Manuel Luís Feliciano

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