Um dia quero nascer
E não precisar de palavra alguma
Sorriso
Afecto
Ou verso
Que me adormeça
Ser como um rio
Que articula as águas
Sem cansar o pensamento
De nenhum olhar que me justifique
Só o bulício da águas
A bater nas pedras
Ser um lugar onde não me encontrem
Sou uma flor fora de todos os tempo
E não encontrei o verdadeiro lugar
Sou a desordem
O caos do universo
A distopia da perfeição
Dentro de mim há arvores
Mas não me perguntem o nome delas
Sou o lugar onde jardins tardios
Entreabrem a selva
Quero morrer desonradamente
Enterrado de preferência ao lado de um cão
Não sei olhar para o fora das coisas
Dentro de mim
Uma escuridão enorme
De um luar de Deusas
Que ao menos depois seja uma pedra tosca
Onde ninguém se assente
Que ninguém me chore
Ou se lembrem de mim
Só a leveza das folhas a explorar-me
O choro do sol a nascer em mim.
Manuel Luís Feliciano
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