A terra não é mulher
Mulher é fruto de palavras claras
Que habitam o corpo
Quando o corpo anoitece
E não lhe habitam estrelas
Embora na pele lhe nasça trigo
E nas rubras flores os lábios
E nas gotas de orvalho as lágrimas
Na noite tuas pálpebras fechadas
E na luz da manhã teus olhos em flor
A terra não é mulher
Mulher é trigo fora desse trigo de sol e vento
O rosto e o colo que a terra não conhece
A alma que afaga o corpo tão lasso
Que desmaia ao iniciar da lua
É o sabor e o cheiro das flores em beijo
As pálpebras que a terra nunca teve
De olhos interiormente iluminados
As sílabas que a terra não sabe dizer
Onde os rios nascem e há crianças ao sol!
Manuel Feliciano
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