Por que me fechas os olhos
Enquanto o carnaval passa?
Há tantas ervas moleirinhas
Quando me fechas os olhos
Há moças que abrem todas as paredes
O teu fechar dos olhos
Faz-me cócegas no coração
E as minhas pálpebras
Puti-abertas e cósmicas
Deixam-se semear
Uma luz sideral
De folhas vermelhas
Menstrua-me
Nas matizes do teu campo
Os candeeiros rompem-se
Oh misteriosa luz solar
De clareiras de seios
No fundo da minha covardia
Desfaz-se um fluido de cristal
E de cada vez que não me olhas
Cheira-me a lenha e a forno
Baptizando os meus lábios
Eu ceio do teu vinho
Eu ceio do teu pão
E a agua morre-me na luz da tua boca
Coloco nos meus dedos os aneis do teu olhar
Sobre um fevereiro florido
Para que te vestes de morte?
Um olhar teu
Maior que a dimensão solar
Alaga-me
Dos teus corais
E piamos
Piamos como corvos
No teclado das asas
Tu és uma laje nua…
Da cor da amendoeira
Com que gozamos de orgasmos
E os Deuses dentro de nós
Agora eu sei. Tu fechas os olhos para me aqueceres.
Para sentires o cimo do mar enrolado nas tuas nuvens.
O odorante incenso nas tépidas costas!
Manuel Feliciano
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