Douro - Loivos da Ribeira
Os teus olhos
Pousaram nos meus
E os meus incendiaram-se
Ficaram com medo de entrar
Nas janelas dos teus
De quem olha um Jardim
De quem se quer sentar
E sentir a paz das oliveiras
Eu fiquei tão sereno
Porque encontrei em ti a colina
O deslizar do vale
E o rio Douro a correr-nos
A mansidão das ervas
Os teus braços tão leves acorrentar-me
E a tua pele terra de brisa
À espera de um beijo
Que te abrisse o voo
O céu que atravessa a ponte da Ermida
O teu olhar
Da humidade do Douro
Abraço
Do amanhecer
Ternura
Suspiro do que volta a nascer
O cheiro das laranjas dos teus dedos
O amor
A peregrinação de uma encosta
Que nos mostre o mar
E no fundo
Do nosso olhar e da nossa carne
Deus em nós reunido
Cada sílaba que não conseguimos dizer
Mas que vivenciamos
A origem do mundo
O infinito das tuas pálpebras
Eram de carne e não eram de carne
Os teus cabelos eram tão de luz
Mais longos que o mundo
E o teu rosto
O milagre da música
Amor
Big bang
Eu amo-te tanto
Que ouço as tuas flores dentro de mim
O céu a iniciar-se
A beleza de todos os animais
O fogo que traz a vida
O Deus que há-de vir
Verdade dentro de nós
Poema
Segredo
Beijo!
Manuel Luís Feliciano
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