7.12.2019
Júlio Cortazar- A Auto-estrada do sul
Em Fontainebleau
Corrente de fogo
Flor na auto-estrada
A rapariga do Dauphine
Na saia do tempo
Corpo a perder de vista
Alimentou as rosas
A inocência
O Jardim
Deu de Beber à noite
E à manhã
Desmanchou no travessão
A cólera
Nos seus braços lânguidos
Fronteira
E além
Amadureceu o frio
Arrefeceu o sol
Perfilhou os ocupantes
Do trânsito parado
Encontro da tribo
Da minha boca e a tua
Borboleta desamparada
No pára-brisas
Relógio sem ponteiros
Soluço da brisa
Acidente
Espasmo das nuvens
A compaixão das rosas
As tuas mãos as de todos
A salvação
Do meu olhar e o teu
Acorrentados
Rectrovisores
De longo alcance
Todos connosco
Em caravana
A ilusão do voo
Nas tuas ancas
Ciclo do fogo
Olhar de anjo
Filho a nascer
Esperança
Terra prometida
De mãos dadas em direção ao sul
Sonho do amor
miragem
Espuma de alfazema
Água quente
Pelo peito e pernas
E o vinho
A fermentar o amor
Sobrevivemos à sede
Paris
Nos teus seios límpidos
Conheço-te
Ao arranque dos carros
Que se perdem
Avançam
Sem olhar para trás
O ciclo das asas
A fragmentação dos corpos
Desconhecidos
Cada rosa por si
As silvas dos lábios
Que ainda querem os meus
Inflamados
O meu olhar e o teu
Desacorrentam-se
Do mundo inteiro
Utopia
Adormeço nos teus cabelos
Levo-te por dentro
Flor de gasolina
Cano de Escape
Sonho
Peregrinação
Alegria de chegar
Desencontro.
Manuel Luís Feliciano
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