8.23.2016


8.18.2016

Deveria morre-se da janela a ver o mar
O dia ser eu e tu numa tarde que não finda
E o fim do mundo os teus cabelos
A queimar-me os ombros de bichos e flores a nascer
Deveria morre-se de jardim ou rosa
Que nascem na tua boca e não se põem no mar
Na hora silenciosa as tuas mãos tenras
Sílabas que incendeiam as velas rasgadas de barcos
Ouvir-se os teus beijos a crestarem nos meus
As ervas sonolentas a despertarem
O céu desfeito do teu inteiro aroma
Em nossos lábios miseráveis de tempo
Como pão repartido em mãos de crianças
Por entre o ventre de uma mãe a nascer
E o sol uma espada de luz que já não corta.

Manuel Feliciano

4.15.2016

Já me morreram os deuses
A água dos teus cabelos
É de ti que vem a sede
As pedras que trago dentro

Quero saber do teu olhar
É tão seca a minha fonte
Do teu amor a transbordar
Não tens fim és horizonte

Dá-me de novo a rosa
Sem a qual o sol não chora
E os rios não nascem mais

Mão em meu rosto ausente
A tua voz meu cais que dói
Na minha alma mar nascente


Manuel Feliciano

2.17.2015

Diz-me que és mulher
Que tens carne, e lenha que arde na lareira

E o teu tronco inteiro por cortar
Que ateia as raízes, movimenta os ramos
Com o hálito fresco
E grão que se te abre
Que tens boca e azuis de céu
E porventura estrelas
E que dentro de ti há fundura onde me possa abrigar
Com se em ti não nasça o dia
Como se em ti não se ponha o Sol
Como se em ti os lábios não morram
É por ti que chegou a Primavera à cidade
É por ti que as flores morrem tão depressa
É por ti
Que tens no coração um cotovelo
Que não te deixa debruçar  quando as pétalas caem...
Que todos os dias o sol
Dá os beijos que não sabes dar
Conheço-te
Não vale a pena fugires da renda da minha saliva

Que te borda o corpo
Se soubesses o quanto o teu Adeus
É árvore que em mim ganha asas
Na qual deitas o teu corpo à sombra
Fresco de névoa e brisa
E maçã
Que trincas com a tua própria boca

Porque é que ainda me voltas
Nessa voz com que me trazes
Uma mão de sorriso degolada
Deverias saber matar melhor
A mim não, porque em ti eu só te nasço
Em uvas do Douro dentro do teu vale

Da mesma forma que as abelhas
Despem o pólen das flores
E a brisa arranca o Bâton das rosas.


Manuel Feliciano

1.30.2015

De ti eu não tive um beijo
O teu lado branco
O teu lado escuro
nem aquele olhar
que movimenta sol
ou gesto de pão
Que volta para o trigo
Só as tuas mãos
pobres num suspiro
O amor sem fundura
a desenhar-me os lábios
sem o pricipício
onde eu te morra
De ti só aquelas flores
Que nunca foram flores
Mas que em mim floriram!
O que eu queria de ti era estrela e não o céu
O que eu queria de ti era casa e não a porta
O que eu queria de ti era a erva e não o chão
O que eu queria de ti era o mel e não a abelha
O que eu queria de ti era uma mão fechada
Que me abrisse os lábios na curva dos teus joelhos
O que eu queria de ti era uma nuvem cinzenta
Que chovesse quando os teus beijos queimam
O que eu queria de ti era um rélogio
Feito de beijos e abraços a estalarem em girassóis
OS NOSSO OLHOS SEMPRE CRIANÇAS
RECITANDO FLORES NA PELE CARCOMIDA
DE MAÇÃS DESEJANDO FLORES 
SEMENTES IMPLORANDO TRONCOS
GEMENDO O PERFUME DE LUARES
DE VELHAS AS NOSSAS MÃOS
AFONGANDO-SE NO MAR
AINDA NOVAS TREMENDO COMO FOLHAS
INCHADAS DE BRISAS QUE NÃO ADIAM
O ESTREMECER DAS PERNAS NAS TUAS PERNAS
NEM SE PÕEM NA NUDEZ FAMINTA DAS BOCAS
QUE MASTIGAM O POR DO SOL
DENTE POR DENTE E SALIVA
SEM O AMANHÃ   DE OLHOS QUE SE FECHAM NO INFINITO
O que eu queria de ti era uma campa aberta
Onde eu pudesse dentro de ti NASCER!


Manuel Feliciano

4.15.2016

Já me morreram os deuses
A água dos teus cabelos
É de ti que vem a sede
As pedras que trago dentro

Quero saber do teu olhar
É tão seca a minha fonte
Do teu amor a transbordar
Não tens fim és horizonte

Dá-me de novo a rosa
Sem a qual o sol não chora
E os rios não nascem mais

Mão em meu rosto ausente
A tua voz meu cais que dói
Na minha alma mar nascente


Manuel Feliciano