7.31.2010

Flores alucinadas





Alucinação


Oh não! Que essas flores não me suicidem
Eu sonho-vos flores mulheres
Que eu não vejo em vós uma outra coisa
Que não carne
Carne com dor doçura e lamento
Que me invadem e tem a força pagã
De um deus grego
Deixai-me entrar agora
Nesse vegetal orgânico
Perfeitamente susceptível às narinas
Para que as coxas sejam respiráveis
E os braços mergulhem no abismo
Real e imaginário
Nessa fremência magnética de sabores
Cósmicos de fornicações suaves
De céu estrelas e nuvens
Experimentalmente rosas
Neste rio que transborda e deixa para trás
O corpo quando o sexo morde
Oh se-de tudo em minha boca
Enquanto eu for
Possibilidade imaginária de todas as coisas!



Manuel Feliciano

Nesse regato escuro

Nesse regato escuro
Onde a lua amadurece
A língua lânguida desmaia
O caule da flor cresce
A rola pousa no ninho
Húmido e silvestre
Os lábios pastam no feno
O corpo desaparece
Os rebentos de rosa gritam na boca
Balança um navio nas ancas à solta
A flecha dispara na rosa aberta
A dor é um grito que se incendeia
O corpo é savana que a pele inventa
Raiares vermelhos vertem-me dos lábios!



Manuel Feliciano
Vem-me tomar num shot



Vem tomar-me num shot
Em consciência planetária
Do teu ego em estado construtivo
Desmancha-me em teus cabelos
Na mesa dos meus sentidos
Na borda do meu copo
Mete a cápsula dos seus olhos
Pinta-me de cor de rosa
Quero ser época de Picasso
No doce batom dos teus lábios
Despe o azul do teu vestido
No liquido azul do álcool
Depois queima o meu coração
Com a ponta da tua língua
Acende-me os teus mamilos
Tumefactos em noite plena
Põe-me a cabeça na lua
No vale de tuas nádegas
Deixa beber-me água
Melada de amor e sal
Em tua mina - morango
Desintegra todo o meu corpo
Ergue-me em tua buceta
Em doces tormentos rubros
Num galopar de cavalos
Com rumo a eternidade
Por entre o teu prado na púbis
Onde eu pasto a minha boca
Sendo álcool consumado
Sou estrela ardendo na chuva
A origem do teu pecado!



manuel feliciano

Meninos com fome

Meninos com fome
não se queixam de nada
têm anjos no estômago
e bicicletas de erva
brinquedos feitos de sol
comem frutos das estrelas
têm um jardim nos olhos
por onde as lágrimas lhes correm
enquanto na terra
homens ricos de gravata
gastam dinheiro em canhões
choram pelo que têm em abundância
convertem a flor em ódio
o amor num barco ancorado
têm um penis na consciência
ilusões no esgoto da alma.


Manuel Feliciano

7.30.2010

O sol põe-se mais tarde

Ainda não é hora



Deixa que ainda não é hora…
Só falta nossa pele ardendo junta
Só falta nossa humidade misturada
Só falta nosso corpo sentir-se céu
Só falta que o desejo vire bruma
Que destroços de navios dêem à costa
Que na garganta haja um tremor de terra
Que uma flor sem erga em tua boca
Que a tua lava ardente nos mate
Para sairmos de nós mesmos como luz
Por entre as cinzas que no final deixamos!


Manuel Feliciano

Correndo de mãos dadas contigo

Correndo de mãos dadas contigo



Hoje de mãos nas mãos - náufragos nos olhos
Vieram hienas, vozes rasgarem-nos em sede
E os meus dedos trepadeiras eram asas de pombas
Aconchegando-se no calor do teu ninho
Subiu então a graduação do termómetro
E eu corri os planaltos dos teus seios
Ergui-te as muralhas por entre campos de papoilas
Caçava desejos em tua carne de nuvem
E tu eras a minha presa em insustentáveis suspiros
Onde meu coração pulsava fora da carne
Em gritos molhados esculpi meus lábios de feno
Onde os teus verticais me ausentam e ilibam da morte!



Manuel Feliciano

Mulher puta é conto de fadas

A mulher puta não existe
em prostibulos ou na estrada
não usa máscara na cara
Nem tem coração de madeira
é aquela que dá carinho
que abre os braços e dá seus frutos
com orgasmos naturais
e algumas vezes fingidos
ousa dizer sem frescura - você me come nenei?
quer dar o melhor aos seus filhos
na cama abre os gomos da laranja
num alvorecer de crepúsculos
Professa um Deus e vai na Igreja
ri chora e tem sentimentos
apaixona-se e sofre de amores
assume que foder é um gozo
dá-se aos pobres e dá-se aos ricos
e paga os gastos ao fim do mês
e é puta só porque cobra?
e aquela que não tem coração
que despreza e que censura
que fica bancando a granfina
que fode o colega e o patrão
que beija o rico e cospe o pobre
que põe os cornos ao marido
e não é mais que cafetina
e ousa dizer sem frescura: me soca caralho vai!!!
fode sua putinha de graça
Que a vida é uma putaria!!!
Todas mulheres por sinal
Num mundo que é só fantasia!



Manuel Feliciano

7.29.2010

Puta de vida

Na hora de pagar na Mercearia
O vendedor não quer saber se o dinheiro é sujo
Quantos filhos ela tem para amamentar
Se ela é puta, amante ou lava escadas
Mãe solteira ou casada
Ou somente brinca ao faz de conta
Não quer saber se ela reza de joelhos
Se as lágrimas são reais ou de cera
Qual a religião ou Deus que professa
Na hora de pagar na mercearia
Não importa se vive em palácio ou barraca de lata
Nem o padre se apoquenta
O vendedor está-se a foder donde é que o dinheiro chega.


Manuel Feliciano

7.28.2010

Elegia à vida







Senhor, eu vi a casa grande do vizinho e não a invejei
gente com saúde caminhando, me entristeci por também a querer
mas não fui a chorar reclamando para casa
meus amigos com carros topo de gama, mas nem notei
fazendas com fruta madura e não as roubei
olhei a prostituta na rua e não a discriminei
se olhei demasiado para ela e fui incasto, foi justamente
porque sou de carne e osso e minha carne não resistiu
não tencionei blasfemar a prostituta nem maldizer o vosso nome
a tratei como se fosse minha mulher, carente de amor e carinho
vi o idoso na rua e não ousei contra a sua dignidade
entreguei-me à ciência, ainda estou vivo, mas cheio de dores
se alguma vez me revoltei com a vida e a criação, já foi em desepero
com a carga da pedra pesada do mundo sobre as minhas costas
mas, admito que ante os mistérios do mundo, sou uma abelha na chuva
o que sou eu, se nem sequer me auto-concebi?
querer compreender a simples semente da árvore impossibilita-me
fica para além de todos os muros que os meus olhos não conseguem ver....
Eu sei lá meu Deus, quero ter mulher e filhos, mas basta-me uma cabana
meti-me por mil encruzelhadas porque, como diz carlos drummond "tem uma pedra no meu caminho" a cada instante, que me pergunto, que prisão é esta sem ferros?
eu batalho como quem nada num rio sem água.....Perdoai-me meu Deus
não consigo fechar o poema....Job ainda perdeu aquilo que tinha
eu perdi o que nunca cheguei a ter, não é pleonasmo, é verdade
também se perde quando nunca se teve nada, e então os nossos sonhos?
vão-me dizer que tudo o que tiveram não nasceu dessa ilusória fantasia
Ao menos um pastor, um anjo e uma flauta, para enganar esta vida.


manuel feliciano

7.21.2010

tú eres mi casa y mi poesia







À Giovanna



Quando a Giovanna passa sobre as ruas de Arequipa
Como o verbo no princípio a naufragar no peito
Onde a terra é abundante e as árvores dão frutos
E o leão e o cordeiro caminham lado a lado
E nas tuas pálpebras em flor
Os meus olhos pousam como duas borboletas
E o meu corpo não sente fome nem sede nem distancia
Porque tu habitas-me como a eternidade de todas as coisas
Sem o predador e a presa angustiados
Porque tu és como o maná sobre a rocha do deserto
A semente que diz palavras de amor sobre a areia
És como um sol suave que não queima
Por mais frio que caia sobre o corpo
Tu dizes sempre a Primavera através das tuas mãos quentes
Morro todos os dias e sou feliz contigo
Porque tu és o lugar onde Deus criou Adão e Eva.



Manuel Feliciano

Quero que Deus te dê o céu - eterna saudade





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Quero-te viva para sempre...quero tanto correr num campo de flores contigo!!!









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Querida Michelly, minha amiga brasileira, eu espero um dia encontrar esse trém que a vida não te deixou tomar de regresso, e que venhas ao meu encontro na estação do céu.

Eternamente ficaste-me entre as lágrimas e o que me resta deste sol, que já sem o teu brilho, é miseravelmente pobre. Sou homem, o meu coração chora-te...tantas coisas que ficaram por dizer, eu só já quero sonhar, viver é uma mentira.


Manuel Feliciano