6.02.2013

Silêncio


Silêncio
Nas veredas que ardem
Os seios tão puros
A carne tão habitada
Silêncio, de mãe, mais alta que o céu
De um beijo
Que queima a boca
De saliva
Silêncio
De uma ferida que cresta
Nas mãos de uma criança
Silêncio de uma janela
Virada para o mar, e não saber quem sou
Dos braços que apertam e não chegam
Silêncio,
 De uma flor ao acordar
  Das estrelas e do céu
E os olhos colhendo o corpo dentro do útero
Silêncio do frio
Que cheira a pele quente da voz que magoa
Silêncio das ervas ameaçando a morte
Silêncio que em mim não cala o rosto
Nem o amor, nem a rosa
Dos bichos no estio, encarnando o polén
Das bocas e sílabas que acendem
As Línguas de silêncio, amadurecendo o beijo!

MF