4.15.2014

Se ela soubesse
O quanto me assassina com os seus olhos
As silvas que florescem
Quando o seu corpo chega
Como quem parte
Ela diz noite, 
Tão de manhã
E eu estrela nos seus lábios fechados
Nas palavras feitas dos seus dentes
Ao tocar os meus
Se ela soubesse
O quanto os seus dedos me apertam
E eu rio douro
Entre os penhascos do seu silêncio
Os anos de luz que a minha boca bebe
Naquele fogo de uma chuva miudinha
A instantes de a beijar
O quanto os seus braços e pernas
Aos meus pertencem
Numa nuvem a desfazer-se no céu da sua língua
Eu sou tão dela
Eu não morreria para sempre em seu vasto horizonte.

Manuel Feliciano