O mar e a areia no mel dos figos
Trazem os teus pés pela pálpebra quadrada
E dizem
Que a água do mar não tem água
E a minha boca são os teus chinelos
ignota flor todo este saber - as tuas pernas são tão boas
O miolo do sol que se impregna
num suposto azul - és tu
Toma
o calor das queimadas
que desperta o frio adormecido
E anoitece-és da cor do sol
acreditas?
não fazer copos de outros corpos - a televisão não capta
A bebê-los com o vinho
a transgredir o sol
Isso sim é o fogo que resta da ferida!
Agora ficas a saber que nada tem um príncipio
nem tão pouco um fim - beijos em saibro
só o aroma das cinzas que nunca arderam
dá-me as tuas mãos de iodo e vamos!
Hoje o que vai e o que fica- É o vinho a reiniciar o mar
garganta dactilografada a núvem
mais verde que a floresta - sabe-me tão imensamente a ti
Os ossos não nos querem meu amor - sorri
O cão ladrou - abre a porta-abre a porta
alguém quer saber de nós ao fim ao cabo - Pão da tua pele
Não morremos? Não há portas meu amor
Faca debulhada na boca - o que somos
Não há portas meu amor- não as abras-sente o jardim!
manuel feliciano