2.17.2015

Diz-me que és mulher
Que tens carne, e lenha que arde na lareira

E o teu tronco inteiro por cortar
Que ateia as raízes, movimenta os ramos
Com o hálito fresco
E grão que se te abre
Que tens boca e azuis de céu
E porventura estrelas
E que dentro de ti há fundura onde me possa abrigar
Com se em ti não nasça o dia
Como se em ti não se ponha o Sol
Como se em ti os lábios não morram
É por ti que chegou a Primavera à cidade
É por ti que as flores morrem tão depressa
É por ti
Que tens no coração um cotovelo
Que não te deixa debruçar  quando as pétalas caem...
Que todos os dias o sol
Dá os beijos que não sabes dar
Conheço-te
Não vale a pena fugires da renda da minha saliva

Que te borda o corpo
Se soubesses o quanto o teu Adeus
É árvore que em mim ganha asas
Na qual deitas o teu corpo à sombra
Fresco de névoa e brisa
E maçã
Que trincas com a tua própria boca

Porque é que ainda me voltas
Nessa voz com que me trazes
Uma mão de sorriso degolada
Deverias saber matar melhor
A mim não, porque em ti eu só te nasço
Em uvas do Douro dentro do teu vale

Da mesma forma que as abelhas
Despem o pólen das flores
E a brisa arranca o Bâton das rosas.


Manuel Feliciano

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