8.09.2019

Portugal


Perdes-te no rumo
Desfazes o caminho
As mãos
Nas curvas
De pó
O Deserto
Aroma de seios
Blusa
Azul de mar
Negra
A flor
Vermelha
Que arde em silêncio
Na casa de gomos
A boca de incenso
Os lábios de ervas
As nuvens de folhas
A chuva no dorso
A frescura das aves
O sol a raiar
No colo
Molhado de saliva
A incendiar
A paixão
A voz
O ventre
No corpo despido
O amor
Na falésia
Uma janela que escorre
De ar quente
Nas ancas salgadas
Suspiro
O teu nome
Que arde na boca
Lua crescente
Os meus beijos
A suspirar os teus cabelos
Que são de todos
De trigo
E uvas
País à beira mar
Longínquo
Emudecido
De vento
De areias
De escórias
Vozes que gritam
A tua rosa pura
De húmus
Dormente
De corpos inexistentes
Perdido
Por inventar.


Manuel Luís Feliciano

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