7.01.2021

 A liberdade

É uma palavra inútil

No seu significado

E o que é útil

É a forma como cada qual a transfigura

Os pedaços de um rio férreo

Em rosa

Água 

Ou barco

No jardim da memória

Que vamos colocando com as mãos

Num lugar

Onde nem nós mesmos o conhecemos

E desfigurando o óbvio

Enfrentando com loucura o mundo

A que estamos presos

viajamos

Rasgamos essa palavra

Que não vale de nada

Se não houver o sonho

A força

A embriaguez do amor

Um espaço interior

Onde caminhamos sem as mãos presas

A coragem contra urgência do mundo 

Para acendermos a luz no corredor de uma manhã

Contra a própria cegueira

O propósito do caminho no incerto

De uma flor a dar-te a mão

Por entre o nevoeiro.


Manuel Luís Feliciano

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