5.27.2022

 Sonho o dia

Em que eu seja leve e inteiro

E  que o facto de ser

De andar 

Agir

E de observar o mundo 

Seja já um poema

Sem nenhum peso

Pesa-me pensar o mundo

E não saber o que é o mundo

De ser animal  

Que tenta matar as frases

De sol de cardos

Que afligem

 para seguir em frente

Frágil e inconstante 

Dor de cada dor 

De não puder dar luz aos teus olhos

De madre pérola

Lágrima de cada lágrima 

Ilógico e irracional 

Da natureza da brisa 

Que não se ocupa em ficar fechada 

Porque é na alma que a carne dói

Que a razão se dissolve num sorriso 

Ou grito

Nada é mais lógico que o mar a gemer nas pedras

Que uma nuvem inteira a desfazer-se em chuva.

Manuel Luís Feliciano

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