7.31.2008
7.28.2008
7.27.2008
7.26.2008
Poema - Palavras em Guerra
Era Domingo
Saías da igreja tão devota
Com orações ainda quentes na boca
E Deus no silêncio dos teus olhos
O teu corpo descia pela rua
Como uma pomba a atravessar
Pelo íntimo da paisagem
Na respiração das bocas
O sol penetrava teu rosto
Frio de terra inóspita
E os pássaros aqueciam-se
Em ramos de árvores dentro de ti
Mas porque os teus olhos
Não pintam rostos diluídos
Em folhas de árvores atirados ao chão
No Outono de cada homem
E gritos que suspiram o sol da tua paisagem
Um mendigo pede-te pão
E tu em fuga o evitas chorando
Com teu Deus morto nos braços
E o Domingo será sempre a redenção dos teus olhos.
Saías da igreja tão devota
Com orações ainda quentes na boca
E Deus no silêncio dos teus olhos
O teu corpo descia pela rua
Como uma pomba a atravessar
Pelo íntimo da paisagem
Na respiração das bocas
O sol penetrava teu rosto
Frio de terra inóspita
E os pássaros aqueciam-se
Em ramos de árvores dentro de ti
Mas porque os teus olhos
Não pintam rostos diluídos
Em folhas de árvores atirados ao chão
No Outono de cada homem
E gritos que suspiram o sol da tua paisagem
Um mendigo pede-te pão
E tu em fuga o evitas chorando
Com teu Deus morto nos braços
E o Domingo será sempre a redenção dos teus olhos.
Eu e Setúbal
Era já de noite quando segui para Setúbal me acolher. A Vasco da Gama abraçava o rio com os seus belos braços longínquos, o Tejo prateado, já embalado pela lua, franzia-se por entres as luzes que lhe caiam da ponte, quem seriam os amantes que faziam amor por debaixo daquele lençol de água?
Depois daqueles quilómetros cheios de mistério tocamos a terra firme do Montijo, mas a noite já não deixava vislumbrar a paisagem, somente os olhos dos passageiros do autocarro nos iluminavam.
A viagem é rápida, não pensem que Setúbal fica no fim do mundo. Eu, e o meu cicerone, apanhamos o carro na estação. A Ana quis que Setúbal se passeasse dentro de mim, ao invés de ser eu a passear-me por Setúbal, não foi preciso muito esforço porque Setúbal é bela.
Primeiro bandeamo-nos pela bela Palmela, e subimos ao alto do seu castelo, naquela elegância e quebranto que aquele belo altar nos merece, as luzes de Setúbal viam-se cá em baixo como estrelas vindas do céu, e a noite já suspirava por entre o vale que deslizava até à cidade.
Descemos Palmela e tocamos de novo na cidade de Setúbal, já à beira mar, senti-me abraçar o mundo tal como o mar e aqueles barcos que seguem para destinos longínquos mas também habitados, que arrepio…lembrei-me dos portugueses na diáspora dos descobrimentos, que homens de coragem! Seguimos pela lota à procura de comidita, porque Setúbal dá fome.
Acordamos ir ao MC Donalds para calar a fome, e refastelamo-nos na esplanada ainda no rescaldo da apresentação do livro e considerações gramaticais, deu para ter uma ideia de quanto a cidade é bela.
Mais umas voltinhas e voltamos para casa. Nem estranhei a cama, sou como um vagabundo sem terra própria. Quando acordei, o dia estava macambúzio, mas ao vir à varanda a bela Setúbal estava de minissaia de nevoeiro, e seu soutien era a cacimba que se desfazia pelo chão. Fomos almoçar e de novo à conquista daquela mulher que é a cidade.
A serra da Arrábida esperava por mim com aquele ar de bravura indelével, Tróia ao fundo submissa àquelas águas, e eu enternecido ao ver aquela imensidão, o mar estava mesmo ali a chamar-me, não posso foi o que lhe respondi.
Depois fomos ver a cidade numa esplanada de hotel, o flash da máquina e o meu olhar a enamorarem-se de Palmela bem lá no alto, e de Setúbal e do mar ao fundo. Até no estádio do Bonfim entrei, Fakirá treinava os seus pupilos, naquela manta verde de relva, e alguns adeptos assistiam ao treino, é o sangue de Setúbal a correr-lhe nas veias.
Seguimos para a baixa, Bocage na praça a falar ao mundo. Não Bocage poesia agora não, deixa-me ver as pernas das mulheres de Setúbal, que belas pernas hein! Fotos e mais fotos. De novo, restaurante misturado com comida e palavras de Bocage.
Agora não Bocage, deixa-me degustar o strogonoff, e a sobremesa de bolo de bolacha.
Voltei para Lisboa, há sempre uma estação que nos espera, não chores por mim Setúbal. Vim a contar estações: Setúbal, Palmela, Venda do alcaide, Pinhal novo, Penalva, Coina, fogueteiro, Foros de amora, Corroios, Pragal, aí estou eu atravessar a ponte 25 de Abril, é o Tejo e Lisboa ao seu melhor estilo, Campolide, sete rios. Adeus Lisboa, volto sempre quando puder, aliás também sou teu.
Manuel Feliciano
Depois daqueles quilómetros cheios de mistério tocamos a terra firme do Montijo, mas a noite já não deixava vislumbrar a paisagem, somente os olhos dos passageiros do autocarro nos iluminavam.
A viagem é rápida, não pensem que Setúbal fica no fim do mundo. Eu, e o meu cicerone, apanhamos o carro na estação. A Ana quis que Setúbal se passeasse dentro de mim, ao invés de ser eu a passear-me por Setúbal, não foi preciso muito esforço porque Setúbal é bela.
Primeiro bandeamo-nos pela bela Palmela, e subimos ao alto do seu castelo, naquela elegância e quebranto que aquele belo altar nos merece, as luzes de Setúbal viam-se cá em baixo como estrelas vindas do céu, e a noite já suspirava por entre o vale que deslizava até à cidade.
Descemos Palmela e tocamos de novo na cidade de Setúbal, já à beira mar, senti-me abraçar o mundo tal como o mar e aqueles barcos que seguem para destinos longínquos mas também habitados, que arrepio…lembrei-me dos portugueses na diáspora dos descobrimentos, que homens de coragem! Seguimos pela lota à procura de comidita, porque Setúbal dá fome.
Acordamos ir ao MC Donalds para calar a fome, e refastelamo-nos na esplanada ainda no rescaldo da apresentação do livro e considerações gramaticais, deu para ter uma ideia de quanto a cidade é bela.
Mais umas voltinhas e voltamos para casa. Nem estranhei a cama, sou como um vagabundo sem terra própria. Quando acordei, o dia estava macambúzio, mas ao vir à varanda a bela Setúbal estava de minissaia de nevoeiro, e seu soutien era a cacimba que se desfazia pelo chão. Fomos almoçar e de novo à conquista daquela mulher que é a cidade.
A serra da Arrábida esperava por mim com aquele ar de bravura indelével, Tróia ao fundo submissa àquelas águas, e eu enternecido ao ver aquela imensidão, o mar estava mesmo ali a chamar-me, não posso foi o que lhe respondi.
Depois fomos ver a cidade numa esplanada de hotel, o flash da máquina e o meu olhar a enamorarem-se de Palmela bem lá no alto, e de Setúbal e do mar ao fundo. Até no estádio do Bonfim entrei, Fakirá treinava os seus pupilos, naquela manta verde de relva, e alguns adeptos assistiam ao treino, é o sangue de Setúbal a correr-lhe nas veias.
Seguimos para a baixa, Bocage na praça a falar ao mundo. Não Bocage poesia agora não, deixa-me ver as pernas das mulheres de Setúbal, que belas pernas hein! Fotos e mais fotos. De novo, restaurante misturado com comida e palavras de Bocage.
Agora não Bocage, deixa-me degustar o strogonoff, e a sobremesa de bolo de bolacha.
Voltei para Lisboa, há sempre uma estação que nos espera, não chores por mim Setúbal. Vim a contar estações: Setúbal, Palmela, Venda do alcaide, Pinhal novo, Penalva, Coina, fogueteiro, Foros de amora, Corroios, Pragal, aí estou eu atravessar a ponte 25 de Abril, é o Tejo e Lisboa ao seu melhor estilo, Campolide, sete rios. Adeus Lisboa, volto sempre quando puder, aliás também sou teu.
Manuel Feliciano
Agradecimentos a Vilar
A apresentação no dia 24 de Julho na Bertrand correu com normalidade. Uma apresentação é aquilo que é, portanto não pensem que tudo o quanto lá foi dito é da índole dos Deuses, ou que iríamos sair dali homens com a cara lavada dos nossos problemas diários.
Eu não me arrependo de nada, convidei quem pude dentro das possibilidades, agradeço muito às pessoas que me acompanharam, e que preencheram aquelas cadeiras, porque o meu clã, foi a grande massa a ocupar as cadeiras da livraria Bertrand, por isso sou humilde e sei reconhecer isso.
Vós representastes a minha família, porque se vos convidei, é porque vos considero gente da minha terra, das mesmas origens com as mesmas dificuldades, cada um luta como pode. Eu agradeço o vosso tempo, disponibilidade e paciência, por isso quero dar-vos uma salva de palmas, porque sem vós a sala estaria vazia.
Não pude voltar convosco, porque a minha alma é do mundo, e eu sou sempre um ser em viagem, não quero que penseis que o fiz por desprezo ou por desconsideração, todavia Setúbal esperava por mim.
Manuel Feliciano
Eu não me arrependo de nada, convidei quem pude dentro das possibilidades, agradeço muito às pessoas que me acompanharam, e que preencheram aquelas cadeiras, porque o meu clã, foi a grande massa a ocupar as cadeiras da livraria Bertrand, por isso sou humilde e sei reconhecer isso.
Vós representastes a minha família, porque se vos convidei, é porque vos considero gente da minha terra, das mesmas origens com as mesmas dificuldades, cada um luta como pode. Eu agradeço o vosso tempo, disponibilidade e paciência, por isso quero dar-vos uma salva de palmas, porque sem vós a sala estaria vazia.
Não pude voltar convosco, porque a minha alma é do mundo, e eu sou sempre um ser em viagem, não quero que penseis que o fiz por desprezo ou por desconsideração, todavia Setúbal esperava por mim.
Manuel Feliciano
7.16.2008
7.05.2008
Uma edição da Papiro Editora
Palavras em Guerra é um livro de poesia editado pela Papiro editora da autoria de Manuel Feliciano. Este conjunto de poemas tem o intento de consciencializar o leitor para assuntos que afectam a nossa sociedade, tais como a fome, a discriminação, a falsa moralidade e o preconceito.
A questão que se coloca, é afinal, que espécie de animal somos nós?
Manuel Feliciano
A questão que se coloca, é afinal, que espécie de animal somos nós?
Manuel Feliciano
7.02.2008
Apresentaçao do livro "palavras em guerra"
No dia 24 de Julho de 2008 será apresentado o livro de poesia "palavras em guerra" na livraria Bertrand do centro comercial Vasco da Gama, em Lisboa pelas 18:30h. Pede-se a todos os convidados que compareçam.
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