Talvez eu nunca amasse
e o meu coração um barco
dentro do teu mar
Talvez eu nunca ouvisse
E os meus ouvidos
a tua boca a chorar de amor
Talvez eu nunca visse
os meus próprios olhos
As tuas sobrancelhas num jardim
talvez eu nunca andasse
fosse o peso dos teus pés
na minha boca a florir
talvez eu nunca fosse
E a minha própria sombra
o teu corpo chão que dá pão
talvez eu nunca nascesse
E tu saliva e chuva
Envolta na minha carne
Talvez eu nunca morresse
E tu fosses o outro espaço
a outra altura do meu ar
talvez eu nunca existisse
E dentro de mim amanhã
As tuas mãos sol a nascer
Talvez eu não fosse a solidão
mas um pouco dos teus lábios
Juntos dos meus a arder.
manuel feliciano
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