4.18.2019

Tu vinhas das flores puras de Outono
Com os teus pés em fim de verão
Que não escutei por serem brancas
E a tua voz brisa de pétalas
Que só ouvi no coração…

Amei-te no azul que queima
Do fogo que o teu olhar ateia
Que de tão perto é proibido
E de tão longe é ferida aberta
Estrela cadente na boca a abrir
Que só de querer já é de nós

Em ruas de uma cidade antiga
Dei-te uma casa feita de luz
Feita da tua alquimia
uma areia que se torna grão
E trigo amadurecido
Abracei-te onde não há chão

Vivemos numa gota de um sorriso
Que rebenta entre os corais das tuas mãos
Do amor que não conhece o perigo
Entre os meus lábios e o teu coração

Se o Outono teimar em ir embora
E não te quiser mais comigo
As tuas mãos me levarem pelo teu rio
E no teu amor me afogares
Lembra-te que és terra do meu abraço
Dos pássaros que voltam às figueiras
De um tempo que não sabe findar!

E o resto é música da chuva
Nos braços de árvores a cair
Uma centelha no oceano
E o teu olhar quase enxuto
Molho a boca no infinito
No sabor da tua voz e grito
Do teu amor que há-de voltar!


Manuel Feliciano

Sem comentários:

Enviar um comentário