5.22.2019

Abril nunca nasceu
Nem as ruas se tornaram brancas
Foi a fome que adormeceu
Na flor das tuas ancas

Palavra molhada sem sangue
Anémica ao luar nasceu
Num coração feito de arame
Que no ventre não gemeu

Sobrevive o sol e a erva
A serpente na areia
Há sempre um mais que sobrevive
No amor que é a teia

Texto semeado no chão
Lanterna no umbigo que é teu
Desaprendeu a dar a mão
Caiu não mais se ergueu

Portugal velha nação
Flor das mãos e do mar
Saudade e um coração
Na orla do teu olhar

Era um Vento que não morresse
Na ternura de um animal
Um ferida que vencesse
A escuridão e o mal.


Manuel Luís Feliciano

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