7.18.2019

A selva

Esta Selva
A que deram o nome de Portugal
Elefante sem direito a terra
Maranhão
Índios exaustos na guerra
Dos cafezais
Branco explorador
Negro escravo
Não é cultura
Nem amor
É tortura
Sem pudor
Ideologia
Se ao menos lavasses o rosto
No rio Jordão
Se fosses sangue do mesmo sangue
Se fosses amor do mesmo amor
E sentir de todo o sentir
Vivesses nos ombros
E os ombros vivessem em ti
Tu serias Portugal
Terias fado e lágrimas
Sentisses a fome
E fosses a fome
Olhasses os que choram
E fosses os que choram
Olhasses os mendigos
E soubesses ser a rosa
Mística
De sal
E mar para todos
Aos que sofrem
Seres rio e verdade
Aos que que nada têm
Seres caravela
Luz e leme
País de tiranos
O mundo impuro
Consente
Eu não
E em cada canto das Cidades
Gorilas por debaixo das Pontes
São animais sem país
Sem língua
Identidade
Cidadania
Não entram na conta
Do político
Malabarista
Da esquizofrenia
Alienação
São carne para matar
Os sem braços
E pernas
Animais de outra espécie
Na selva do capital
Não prosperam
E sonham
Minguam o corpo
Não há bananas
São vendaveis!
Quem te faz a cama
E te mexe a lama
E nela se enlama
É o político
Que vai morrer
Ao relento do céu
Do mesmo jeito que o gorila
Virar merda
Ser cagalhão
De nada lhe vale o tostão
Astrolábio sem direção
Sem estatuto
E ideologia
Dar o tributo ao chão.

Manuel Luís Pereira Feliciano

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