11.17.2010

linguagem do amor

Eu faço amor numa linguagem estranha
Ainda os nossos olhos mal se tocam
O sol escreve-nos asas nos ombros
E rouba-nos o som às palavras
As aves chilreiam-nos nos dedos
E enleiam-nos o coração com ninhos
Por entre os arbustos do peito
O mar soluça-nos dentro da garganta
E os veleiros rasgam-nos os sentidos
E a pele das rochas arrepia-se-nos na boca
Aos pés de palmeiras de uma ilha
Voamos tão longe com o corpo atado às ondas
E num fremir idioma em que nos amamos
Em vozes que nos desenham imagens indecifráveis
A saliva branca derrete-nos todos os sons
E eu e tu somos um país outro – o mundo!
Filhos de línguas estranhas que se gesticulam
E que mal se conhecem, abordam-se de frente
E passam ser outra coisa que vem dos céus!



manuel feliciano

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