11.22.2014

Pensei que o meu país
De praias, pinheiro altos, céu azul
De cheiro a uvas
Fosse o sangue que corre
No coração de mãe, chão amplo de searas
Sorriso branco, que brota dos seios
Olhos verdadeiros, choro e canção
Mas dentro do meu país
O próprio céu se vende
O sol, tantas vezes o sol, bocas mirradas
Por vontade de o beberem, voz dentro
Mercadoria em cima de um camião
Nas janelas, olhos  tão de noite ampla
Cheios de manhã a abrir o céu
As mãos perdem os gestos como as pedras
Embora dentro das pedras haja o mar
As rosas que ainda nascem
De pura saliva a chamar os lábios
O beijo a roçar as ervas molhadas
Os ombros que não abandonam
O rosto que  amadurece os frutos
Dentro de cada olhar!

Manuel Feliciano

Sem comentários:

Enviar um comentário