4.08.2021

Um dia quero nascer

E não precisar de palavra alguma

Sorriso

Afecto

Ou verso

Que me adormeça

Ser como um rio 

Que articula as águas

Sem cansar o pensamento

De nenhum olhar que me justifique

Só o bulício da águas

A bater nas pedras

Ser um lugar onde não me encontrem

Sou uma flor fora de todos os tempo

E não encontrei o verdadeiro lugar

Sou a desordem

O caos do universo

A distopia da perfeição

Dentro de mim há arvores

Mas não me perguntem o nome delas

Sou o lugar onde jardins tardios

Entreabrem a selva

Quero morrer desonradamente

Enterrado de preferência ao lado de um cão

Não sei olhar para o fora das coisas

Dentro de mim 

Uma escuridão enorme

De um luar de Deusas

Que ao menos depois seja uma pedra tosca

Onde ninguém se assente

Que ninguém me chore 

Ou se lembrem de mim

Só a leveza das folhas a explorar-me

O choro do sol a nascer em mim.



Manuel Luís Feliciano


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