Ao tempo
Sou horas sem dias
Sou dias sem horas
Ponteiros quebrados
Por entres alquimias
Os dedos da chuva
Suturando feridas
Na derme da terra
Sou feto que nasce
Em forma de sol
No útero da lua
Sou o fogo-fátuo
Para além da morte
Vestindo a noite
Sem mãos corroídas
Não sou fumo de cigarros
Por entre mãos frias
Moinhos que esperam
Através das lágrimas
Devastar o milho
De rostos tão puros
Não sou a estação
De homens que chegam
Carregados de nada
Como peixes atados
Às redes do tempo
Sou tempo sem tempo
Calando a fome
Em bocas – ruínas.
Manuel feliciano
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