12.21.2012

Anjos envoltos de névoas
Torneiam-nos as folhas
Os rios dos cabelos

Vão tão de seiva a vestir os ramos

E nos nossos lábios são mais anjos
No sabor das bocas
Têm mais rosto, mais noite e estrelas

Franzem-nos, a garganta fresca
ao cismo das pálpebras
à ponte de espuma, onde acabamos
No rasto dos peixes luminosos

Um olhar a amadurecer a argila
Uma ferida a cair de tenra
Da árvore das tuas mãos, reabre
Jardim banhado de frêmito

A nitidez das pernas, o gozo absoluto
O chão da pele onde escutamos o fogo
Da voz a encontrar os teus ombros
O céu avermelhado

Nas sombras do mar
O ventre
A placenta
Um grito a dar à luz
Tão límpidos nos corais das nossas bocas.

manuel feliciano

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