Anjos envoltos de névoas
Torneiam-nos as folhas
Os rios dos cabelos
Vão tão de seiva a vestir os ramos
E nos nossos lábios são mais anjos
No sabor das bocas
Têm mais rosto, mais noite e estrelas
Franzem-nos, a garganta fresca
ao cismo das pálpebras
à ponte de espuma, onde acabamos
No rasto dos peixes luminosos
Um olhar a amadurecer a argila
Uma ferida a cair de tenra
Da árvore das tuas mãos, reabre
Jardim banhado de frêmito
A nitidez das pernas, o gozo absoluto
O chão da pele onde escutamos o fogo
Da voz a encontrar os teus ombros
O céu avermelhado
Nas sombras do mar
O ventre
A placenta
Um grito a dar à luz
Tão límpidos nos corais das nossas bocas.
manuel feliciano
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