12.06.2012

O fogo ateia-se à minha boca
E as raízes do amor desprendem-se
Ouço então as tuas pálpebras
A desfiar a nuvem
A pigmentação do teu rosto
A circulação do sangue
Das sombras mais inertes, um olhar quente
Na secura da saliva um ramo fulgurante
Na voz silente, a nitidez da carne
O gesto vivo da tua cintura banhada de água
Um fio de grito a comungar a flor
E na frescura do teu seio toda a inocência
A nua primavera a percorrer-me a língua
A música dos bichos
Na clareira dos cabelos
De aurora perfumada, beijo-te e da negrura
A fronte alva do teu útero
Uma folha caída reage ao amor de lábios disfarçada
A minha boca limpa-se de ternura na tua
Acende-te e não queima
Num pássaro de carícias anterior ao mundo


Manuel Feliciano

Sem comentários:

Enviar um comentário