12.15.2010

Palavras no Vácuo

Sou o verbo sem corpo e clausura
No cérebro húmido das nuvens
Língua na curvatura do espaço
Tempo na pele branca das folhas
Rolando em ramos suspensos
Onde falta todo o amor escrito
O vazio acende-se na lâmpada
Das faces rubras dos rostos
E as têmporas ardem de desejo
Quando me acordas na noite
E me percorres de bicicleta
Com cheiro a ervas e a terra
Incendeias-me todos os carácteres
Dos cabelos que se irrompem
Na tinta da torrente das veias
Como os pássaros que batem asas
Em gritos de novas galáxias
Eu abro-te as pálpebras do escuro
E planto-me em estrelas nas pedras
Ao som dos pêssegos das bocas.


manuel feliciano

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