7.02.2011

Pelvis

Ouvia-se uma árvore estranha numa nuvem

Depois a nuvem despiu-se como uma mulher na chuva

A terra toda seca alagou-se

E o pássaro abriu os gomos secos

Na pelvis da terra

A cheirar a carne



E um grito cor de laranja

Relampejou

Entre os braços que já dormiam

Os lábios procuraram-se noutros

Nasceu de uma força mágica

A erva no sorriso

E um silêncio

Mais cortante que a altura das estrelas

Disse-me com raízes de cabelos



Que ser homem

É só metade de si na luz em torno da lua

Num beijo absoluto

É sempre que

Um pássaro transborda a finitude do mar

É Sempre que uma palavra emerge

Nos músculos de outras paredes.



manuel feliciano

1 comentário:

  1. Uma beleza, meu amigo! O manejo surpreendente e fluido das palavras resgatam-me os olhos e sentidos.

    abraço!

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