8.26.2011

Não sou filho de pai nem mãe

Não sou filho de pai nem mãe

Todo o mundo me foi emprestado

Peretença que não pertence

Os dons

A inteligência

A beleza

E todas as coisas materialmente belas

Só são coisas imaterialmente belas

Varas de guarda - chuvas

Ou calçado em ruas desvairado

Os olhos dos gatos prenchem-me todo o vácuo

Há estradas escavadas nas mãos

Sem quaisquer estradas

O rio tem escrito nas uvas

As mulheres de branco

Estaticamente deambulantes

Pela gramática das pernas desgramaticadas

A dissertação

É quando a abelha

Traz a canção sobre a flor

E leva o nectar

Eis tudo o que te quero dizer

Nesta tarde de agosto

Não há nada para fazer

Nada para cumprir

Enquanto o sol

Empresta os ouvidos à areia

E chama toda a semente à morte

Por células de um sorriso vivas

Neste ínico

Neste constante ínicio

de carne perfumada de feridas

Não há nada para fazer

Nada para cumprir Na neve dos pulmões

Senão os braços abertos ao mundo!

manuel feliciano

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