8.11.2011

Vou pelo vazio do mundo

Vou pelo vazio do mundo



Da cor dos teus sapatos verdes

E dos teus olhos

Pousados na minha garganta

Colhido pelo teu abraço



O teu colo afogado nas varas da minha voz

Na rotação de guarda-chuvas



E as tuas mãos a acordar

A inércia dos músculos

Por caminhos e sinais em branco

Que despem toda a carne



Ah quem me dera que o sol

Entrasse pelos meus poros

E tu fosses sequer a sombra

De um jardim com o teu cheiro

E a tua boca um rio que me afogasse





Talvez assim eu encontrasse a noite

Talvez assim eu visse as estrelas

E os caminhos

Os caminhos a latejar de ervas

Ahhhhhhhhh, mas nem isso

Pudesse eu ao menos acordar deste sono

Para me conhecer! E os teus cabelos bombeassem

Água nos meus lábios com toda a sede

Para eu ver com beleza a tua exactidão

Os ângulos insolúveis dos beijos.





manuel feliciano

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1 comentário:

  1. Há vazios que se encharcam de desejos.

    Sempre um prazer te ler, meu amigo.

    Abraço!

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