8.10.2010

Um nada que é tudo!

Quem me quiser visitar estou por cima da campa
Por baixo estão aqueles vivos, mas que nunca nasceram
Não me tragam camélias e flores das mais bonitas
Deixam-nas viver também no seu sagrado tempo
Tragam-me champagne e bebamos à eternidade da vida
Cometi os meus pecados porque há dias que a carne chora
Em que te pedem o corpo e só levas a alma nas mãos
E outros em que te pedem a alma e afinal só tens o corpo
Mas não me arrependi de não ter construido casas
De não ter um cargo de chefia num business center
Isso ficou para os homens daqueles de faz de conta
Amei- fodi - e errei, mas não embandeirei em arco
Há dias em que a sede é tanta que bebemos água com lodo
Não fui mais do que nada e para o nada voltei
De que me valia a casa - mulher - ser pai com os meus filhos
Quantos casas eu não tive e quantas mulheres não amei?
As mulheres que mais amei foram as que me abandonaram
E as que mais me amaram ainda hoje esperam por mim
E só me doeram na alma porque amar é ser escravo!
Tudo aquilo que nunca tive acho que nunca me faltou...
O meu coração é leve, mas só me aleija quem eu quero
Deixei de chorar por não ter, porque afinal quem é que tem?



manuel feliciano

2 comentários:

  1. Gostei...
    Honesto, sentido, verdadeiro...

    "Há dias em que a sede é tanta que bebemos água com lodo"

    Brindemos a isto :)

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  2. Obrigado pelo seu comment, é um prazer ter leitores no meu blogue, e que afinal não nos sintamos a escrever em vão, pode-se adicionar o meu blogue se quiser.


    Saudações

    manuel feliciano

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