6.26.2011

Eternidade

A terra louca e húmida dos ombros

É noite envolta com os tons da carne

Palavras feitas com gotas de saliva



Gritam-me os dedos

Com árvores sem sombras

E longas planicies

Que desaguam na tua boca

E a tua boca estende-se





A ilha afunda-se deliciosamente pelas mãos

Em acordes de peixes

Que sabem a sóís enleados nos seios

Eis todo o eixo da terra em movimento

Pedal das minhas pernas

Na minha alma circular



Escuto-me e tu estás dentro

Agora sei que não há trevas neste cântico

A cada batida cardiaca no fundo do mar

Esplêndido de céu



Ao confim do que a estrela sobeja

Não somos mais de cal

Não somos mais de treva



Solta-se um grito

Não sei mais de ti

Nem de mim

Só dos astros

Só da plumagem macia que abriu todas as pálpebras



Como um navio a a romper os nódulos do silêncio

A carne prolonga-se para fora

Agora sei onde acabo e começo

Agora sei que sou só berço





Numa pedra

Numa pedra a burilar

A bater no dorso de água tépida

Que amadureceu todas as coxas



Relâmpago de Aiiiiiiiiiiiiiii



É esse grito, esse grito num coração ininterrupto

Cheio de asas que se abrem

Que se prolongam em dois pedaços

De sorrisos e láminas

Até aos planaltos da brisa

A eternidade que ferve



Aiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii

Vertigem de quem se afoga todo em ti

Sangue perfumado de abraços

Flor que encendeia todo o sono

De almas em pernas de animais!





manuel feliciano

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