6.04.2011

Mar

Esta ausência dolorida de caravelas

Colhe na garganta todo o mar



E o mel todo nos pêssegos

E o sol todo na seiva



Aves em janelas de nuvens

Campos de trigo no céu

E eu e tu no centro

Há quem Como eu os veja

A oriente de tudo



Mesmo por debaixo das pálpebras

E o sal a lamber toda a boca

E o sorriso Marinheiros ao longe

Ao longe

Dizes-me que as flores

Luzem ainda sobre o sódio das faces

E os perigos são gaivotas

No abrigo do céu

E que a ausência somos os dois

De mãos dadas

Terra em líquido céu

Chuva que arde

Quando os braços se desligam


E o mar não abraça a ilha

E o amor é pedra leve...

O mundo estende-se mais além

Da cor do nosso dentro

E dá-se-nos em tudo o que falta.





Manuel Feliciano

1 comentário:

  1. Mar-amar-abraça-o-sal-e-o-sol-que-escorre-bocas-e-colhe-mãos-ao-corpo-que-se-afasta-ainda-quente.

    Nem sei o que comentar, tão sensitivo são teus poemas. Então escrevi algumas sensações.

    Belo, amigo!

    abraço!

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