Olha a lua, olha a lua, doce amada
Nuvens na paciência
Azul na boca
Tem carne sim, tem carne a lua
Com todo o brilho no mar do céu
E não tropeça sequer nas nuvens
Porque é de rosa o coração.
Lá vai sozinha e às voltas
Como o poeta esta lua
As pernas encravadas só são asas
Escorrendo toda a luz na exaustão
E na escuridão inerte de aço
Supera as loucas fases
O medo e a sombra
Do golpe da faca espetado
No peito ancorado do branco chão
E nem sequer a lua se transfigura
Porque a colheita é só primavera
De riso e choro todo o corpo
Da sobrenatural trasmutação.
Revolve e canta com alegria
O mar dourado dentro do útero
Semente na língua toda para o espaço
Frias as estrelas nas rugas das faces
Na cânfora do gelo a arder na mente
Lambe as frieiras e nunca se esconde
O dias expandem-se na garganta estreita
E vai com o norte e sul aos pedaços
Nos ombros todos na dianteira da proa
Dar as mãos à vida sem nunca olhar morte.
Manuel Feliciano
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