10.26.2010

Ausência de mim

As minhas mãos fechadas dentro de uma gaveta
Os meus pés jogados numa fisga para o céu
O meu corpo a ranger num plátano velho
Não são o limite das flores varridas pela brisa
O meu pensamento arde longe desta sombra
Fragmento-me num comboio de orvalho onde te levo
Deixo o cálice dos meus olhos a entornar para dentro
Sem sequer tragar o sol da matéria venenosa
Bebo das imagens que não sucumbem ao sal da vida
Cinzelo Vénus no mármore quente da nuvem
Orquestro a música na plumagem rubra dos astros
Deixo que rio bata as asas nas folhas secas do silêncio
E colho em vozes ausentes frutos com que faço a casa.



manuel feliciano

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