10.05.2010

Portugal em lágrimas

Sou irmão de um povo doente à beira-mar
De uma consciência com vielas intransitáveis
Pensamentos à janela que caem de velhos.
Ó bocas submersas no útero de um lago sujo
Que não conheceis a liberdade pura da palavra
Húmida e sincera a cheirar a romãs e campo
Que nasce nos montes e a morre nos corações
Temeis a casa Pátria seca e não menstruada.
Submissos que lavrais no cio de línguas estéreis
Como cães vadios desesperados pelas sobras
Mijai nos pés de quem vos nega o suor da carne
Soprai alto no jardim frio com árvores graníticas
Que vos fizeram às raízes, húmus, e ao grito?
Desprendei a música que dorme nos túmulos
Para que em vós nasça um Portugal por inteiro.

manuel feliciano

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