O que em ti há de mais feio é uma rosa
Em todo o seu aroma de estrela
Os teus olhos fecham-me
E as flores
Bebem o mel nas abelhas
As pálpebras dos lábios abrem-se
Toda a noite é clara
Na lamúria
De um beijo no seio
Ouve-se o mar
Pleno de gaivotas a nascer no sol
Depois as palavras
Feitas de nuvem
Perfumam as nossas bocas
Que sabem aos teus pés
A semear aves nos lábios
E ninhos em toda a floresta
Onde todo o barco morre
Onde todo o barco nasce
É sempre o que me dizes
Quando não me dizes
O teu não dizer
É um poço de água numa mão
Um fio de cabelo
A descair-te para o colo
Alargar-me a boca
E a minha face rosada
Um deserto
Voltada para os teu dedos
Beduínos
Com trilhas e camelos
Na faina da tua voz
E o que em ti há de mais belo é eu saber
Que o que em ti há de mais feio é uma rosa!
Manuel Feliciano
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