Manuel Feliciano – Poeta português contemporâneo e universal
Tudo o que não fui
Eu também fui e sou
Quantas vezes estive perto e não cheguei
A essa flor que tanto me doeu
E porque me doeu
Soube-me à tua boca e sangue
Dentro de tudo o que já secou
E porque secou
Amo-te
Vives-me
E não morreu
Porque sou feito da morte das ervas
De olhos abertos
Nas mãos do mar
E peixes
Que reluzem na escuridão do céu.
De tudo o que faltou
tu és a própria voz
Dentro da minha voz
cheio de gramíneas
que os pássaros tanto querem
e um ninho no coração
E tudo o que não fui
Eu também fui e serei
Criança a abrir a porta do vento
No seio de sua mãe.
Manuel Feliciano
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