11.17.2012

Tudo o que não fui

Manuel Feliciano – Poeta português contemporâneo e universal

Tudo o que não fui
Eu também fui e sou

Quantas vezes estive perto e não cheguei
A essa flor que tanto me doeu
E porque me doeu
Soube-me à tua boca e sangue
Dentro de tudo o que já secou

E porque secou
Amo-te
Vives-me
E não morreu

Porque sou feito da morte das ervas
De olhos abertos
Nas mãos do mar
E peixes
Que reluzem na escuridão do céu.

De tudo o que faltou
tu és a própria voz
Dentro da minha voz
cheio de gramíneas
que os pássaros tanto querem
e um ninho no coração

E tudo o que não fui
Eu também fui e serei
Criança a abrir a porta do vento
No seio de sua mãe.

Manuel Feliciano

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