11.17.2012

Carnaval

Por que me fechas os olhos
Enquanto o carnaval passa?
Há tantas ervas moleirinhas
Quando me fechas os olhos
Há moças que abrem todas as paredes

O teu fechar dos olhos
Faz-me cócegas no coração
E as minhas pálpebras
Puti-abertas e cósmicas
Deixam-se semear

Uma luz sideral
De folhas vermelhas
Menstrua-me
Nas matizes do teu campo
Os candeeiros rompem-se

Oh misteriosa luz solar
De clareiras de seios
No fundo da minha covardia
Desfaz-se um fluido de cristal

E de cada vez que não me olhas
Cheira-me a lenha e a forno
Baptizando os meus lábios

Eu ceio do teu vinho
Eu ceio do teu pão
E a agua morre-me na luz da tua boca

Coloco nos meus dedos os aneis do teu olhar
Sobre um fevereiro florido
Para que te vestes de morte?

Um olhar teu
Maior que a dimensão solar
Alaga-me
Dos teus corais
E piamos
Piamos como corvos
No teclado das asas

Tu és uma laje nua…
Da cor da amendoeira
Com que gozamos de orgasmos
E os Deuses dentro de nós

Agora eu sei. Tu fechas os olhos para me aqueceres.
Para sentires o cimo do mar enrolado nas tuas nuvens.
O odorante incenso nas tépidas costas!

Manuel Feliciano

Sem comentários:

Enviar um comentário